Crônica Poética: Abordando temáticas do cotidiano usando uma narrativa curta, com tons entre o texto jornalístico e o texto poético: poesia ou prosa. Buscando a análise crítica das situações do dia a dia, discutindo política, cultura, sociedade e relacionamentos, permitindo que leitor reflita sobre os temas tratados.
quarta-feira, 7 de abril de 2021
Lago-mar
domingo, 22 de novembro de 2020
Um píer que um dia existiu (Miniconto)
Certo dia se apaixonou, pela menina mais linda da praia, surfista com o corpo dourado pelo sol do verão. Apaixonados, trocaram juras de amor admirando o pôr do sol no Píer de Ipanema.
O Píer, assim conhecido, era uma estrutura metálica montada para a instalação do emissário submarino, que lançaria esgoto urbano a quilômetros mar adentro, que cortava as areias da praia e produzia as melhores ondas, disputadas por grandes surfistas. O local virou point onde artistas psicodélicos se misturavam aos jovens surfistas para conversarem e sonharem.
O romance floresceu, os apaixonados se casaram, tiveram filhos, trabalharam, curtiram, viajaram, viveram... Os anos passaram, o século mudou, os sonhos mudaram. Não existe mais o Píer, as ondas e as areias perderam o seu glamour. O Psicodelismo virou moda que passou. Mas o amor construído a partir de uma paixão praiana continua surfando nas melhores ondas de um píer que um dia existiu.
Qualquer botequim (Miniconto)
Sufocando a cor (Por quê?)
No Brasil racismo é estrutural e tem uma de suas origens no término tardio da escravidão. Observa-se que sem trabalho ou moradia o negro liberto acabou marginalizado, exposto a violência e a miséria. Esse preconceito foi reforçado pelas tentativas históricas de “branqueamento da população” através da chegada dos imigrantes europeus e pela simplificação das relações sociais, apoiada na miscigenação, enfatizando a suposta cordialidade entre senhores e escravos, base do mito da “democracia racial”, proposta pelo sociólogo Gilberto Freyre.
Sufocando a cor (Poema)
Segrega-se, humilha-se... mata-se!
A odiosidade impele a humanidade,
joga-a, sem qualquer dúvida,
no fim da fila das iniquidades.
É uma mácula estrutural,
manchando o cerne da sociedade,
rompendo o frágil tecido social.
a voz da comunidade.
Que, oprimida, revolta-se e grita,
Rebela-se e briga.
não basta o calor intenso das chamas.
Deve-se atingir o âmago das almas,
corroídas pelo ódio do preconceito...
na fila do descaso e da arbitrariedade,
germes dessa eloquente barbárie.
Agora rechaçada pela “rua” ensandecida!
domingo, 25 de outubro de 2020
O Imaginário
Nas nuvens, de pés descalços, eu ando,
Bebo, na beleza do sol, o entardecer
mas, temo um dia meu sonho derreter.
Mas, é preciso que meu coração experimente,
tal dualidade de sentimentos, que me sufoca.
Tamanha emoção me eleva e me afoga.
cobra no seu pedágio, o desapego da realidade
que, nem sempre, consigo pagar com dignidade.
e me permito intensos mergulhos na emoção
que me fazem entender o que é a razão...
Do caos ao imaginário (Poema)
induz o caos no pensamento.
Nesses dias, dúvidas existenciais
convivem com questões banais.
são encaradas por doudivanas
perdidas em ações triviais,
percebidas como, intermináveis, fossas abissais.
até o trabalho caseiro
ganha dimensões erráticas
Pois, hoje nada é useiro.
abduzido por inverdades
busco refúgio no sonho
pois, nas lembranças, energias reponho.
imagens de eternos momentos.
Então, continuo lutando uma luta inglória
para fazer florescer sinceros sentimentos.
o caos que experimento.
Mesmo que por instante exíguo,
e resguardo minha sanidade para outro tempo...
Do caos ao imaginário (Por quê?)
Não precisamos ficar presos a um “porto de ilusões”, trocando a verdade pelo prazer de estar em paz. Como aborda o filósofo alemão Nietzsche em seus trabalhos sobre o "sonhar contemporâneo". Mas, com o intuito de resguardar a sanidade do pensamento, podemos, de forma crítica, buscar no sonho da memória, alento para essa realidade liberal antiutópica, altamente entorpecente, que se apresenta.
Isolamento
Socialmente distanciados, amargurados pela solidão, que nos aflige e não dá perdão. Nem assim calados. Impulsionados pelo mome...